Depois de duas semanas “de boa”, passeando por Buçaco, Coimbra, Braga e Esposende o descanso acabou, junto com a maior parte do dinheiro que trouxe para o primeiro mês. Ou seja, hora de trabalhar!
OBS: Para quem ainda não sabe, o trabalho a que me refiro está acontecendo através do WWOOF. Esta foi a maneira mais prática que encontrei unir trabalho, viagem e permacultura 🙂
O meu primeiro campo de trabalho foi numa quinta simpática, em Colares, que fica perto de Sintra, que fica perto de Lisboa. Meus anfitriões Jon e Denise, um casal de músicos clássicos, comunicavam-se maior parte do tempo em inglês, numa mistura de sotaques americano (ela) e britânico (ele), o que foi bom, pois pude praticar um pouco minha segunda língua. Fiquei hospedado num yurt bem espaçoso, montado á beira de um pequeno lago. Em determinadas horas do dia, enquanto trabalhava (ou descansava), pude apreciar a variada sonoridade dos sapos; os baixos, tenores, contraltos e sopranos formavam um belo coro. Além de sapos, girinos e pequenos peixes, havia uma gata e três cães que sempre nos faziam companhia.
A habitação principal da quinta ainda está em construção, enquanto isso Jon e Denise habitam uma straw bale house (casa de palha) aconchegante, construída em cima de pneus reaproveitados (para evitar o contato da palha com solo e sua consequente decomposição). Equipada com energia solar e iluminação natural durante o dia, era lá onde me deliciava com as refeições preparadas por Jon, que é um excelente cozinheiro. A energia solar gerada na quinta é em sua maior parte vendida a empresa distribuidora de energia da região, o que resulta numa renda extra, ótima pedida em tempos de crise financeira. Além de utilizarem energia limpa, também possuem um carro 100% elétrico, isto é, zero emissão de CO2, zero em despesa com combustível e quase zero em ruídos gerado pelo motor! Só para constar, o carro anda bem, é confortável e bonito! É o Leaf, da Nissan.
Há duas casas de banho (banheiro) que funcionam num sistema interessante, que já tinha ouvido falar, mas não conhecia. São banheiros secos no qual o vaso sanitário é dividido ao meio, havendo a separação dos dejetos sólidos e líquidos (cocô e xixi), que posteriormente são utilizados no enriquecimento do solo, servindo nutrientes para as plantas.
Como o yurt seria ocupado na semana seguinte por familiares de Jon vindos da Inglaterra, minha permanência na quinta não poderia ultrapassar uma semana. Apesar do curto período, meu trabalho foi bem variado. No jardim, fiz plantio, transplantes e confecção de mudas (principalmente roseiras), preparo do solo, controle de ervas daninhas e cercas para proteção dos cultivos; na compostagem utilizamos papelão no fundo sobrepondo várias camadas dos mais variados ingredientes, como esterco (gado, galinha, pombo), alguns restos de comida (frutas, legumes e verduras), terra preta, palha, areia, relva, cinzas (da lareira que diariamente nos aquecia) e borra de café (doada em grande quantidade por uma cafeteria da vizinhança); na construção da casa pintei algumas paredes; na reciclagem coletei materiais úteis pela vizinhança, como cana (um tipo de bambu), terra, madeira e janelas velhas; e o projeto que me deixou mais empolgado, um chuveiro solar, que devido a um tempo chuvoso nos últimos dias ficou inacabado. Um dos motivos que me faz querer voltar lá é tomar um banho quente no bendito solar shower. Outro bom motivo é que pertinho de lá tem belas praias e altas ondas!
Durante as folgas pude conhecer outras quintas da região, pedalar, conhecer algumas praias, ir numa feira em Encarnação – onde compramos três galinhas para substituir as que Sparky vitimou – e ir a Lisboa ver a Orquestra Gulbenkian tocar obras de Haydn, Mozart e Schubert. A presença do solista Jörg Widmann e seu clarinete fez aquela noite ainda mais brilhante!
Lisboa
Leooooooooooooo!! Aí é muito lindooooooo!!!! Imagino q vc tá pinto no lixo no meio dessa natureza toda.. Nas fotos da praia tive invejinha! ps: eu iria pro lado da cafeteria! Bjos =)
Pelos seus posts, fico com uma vontade danada de me aventurar também para aprender e me divertir, assim, de um jeito tão natural. Bjs.
Você foi pra que lado? O que mais tem para o outro lado além de plantas? E aquela fruta o que é realmente? Aguardamos respostas.
Vamos as respostas:
1 – Achei brilhante o “(…)” da placa. Fui lá conferir e encontrei um caminho cheio de plantas e patos (assim como é todo o jardim da Fundação Gulbenkian) que foi terminar no lado esquerdo do anfiteatro. Atravessei o anfiteatro de um ponta a outra, saí pelo que seria a entrada principal do anfiteatro (pelo lado direito) e logo encontrei o Centro de Arte Moderna e a Cafetaria.
2 – Aquela planta que ninguém adivinhou o que é chama-se “alcachofra”.